sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Cemitério da Santa Casa de Porto Alegre - Parte 2

"A abertura do cemitério foi projetada para agosto de 1850. Entretanto, com a epidemia de febre amarela que se difundia pela Vila, era urgente realizar os enterros na nova necrópole. Assim, em 6 de abril daquele ano, ocorreu o primeiro sepultamento no Alto da Azenha. Foi aprovado, ainda, pela Câmara Municipal o impedimento de efetuar enterros em outro lugar. Desta forma, José Domingues, um marinheiro português que chegou a Porto Alegre, foi o primeiro livre sepultado no Cemitério da Santa Casa de Misericórdia e Eva, a primeira escrava ali acolhida, em 12 de abril de 1850.

Até 1884, este foi o procedimento: os livres eram sepultados no interior do Cemitério e os escravos, fora de seus muros. No mesmo ano, com a abolição da escravatura em Porto Alegre, quatro anos antes da assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel, todos os falecidos da Capital gaúcha passaram a ser enterrados na parte interna da necrópole.

Em 1880, o Cemitério da Santa Casa contava com mais de 30 mil sepultamentos, sendo 6.723 de escravos e 23.577 de livres. No ano seguinte, iniciou-se a construção do atual muro para delimitar a área no alto da Colina da Azenha. Os surtos de cólera, tuberculose, febre tifóide, moléstias intestinais e afecções cardíacas determinaram o aumento dos índices de ocupação da necrópole que, em 1893, já contabilizava 50 mil mortos, forçando a ampliação do terreno. Em 1907, o espaço contava com 36,9 mil m² dos 104 mil m² atuais.

O Cemitério da Santa Casa centralizou, por muitos anos, os sepultamentos dos mortos da cidade, inclusive os dos irmãos de São Miguel e Almas e de Santa Bárbara, os da Sociedade Alemã e da Beneficência Portuguesa, que adquiriram para suas irmandades quadros dentro da necrópole. A Irmandade São Miguel e Almas, ao comprar a sua propriedade, e a Irmandade Santa Bárbara, ao se extinguir, destinaram seus quadros à Santa Casa. A partir de 1945, as Irmandades receberam duas galerias de catacumbas intituladas com seus nomes, como forma de homenagem.

O deslocamento até a colina era feito por tração animal, motivo de queixas constantes devido ao péssimo estado das estradas, além do aclive da Azenha, que chegou a dificultar as obras do Cemitério. Em 1880, a Companhia Carris começou a conduzir os coches fúnebres, que ficavam abrigados nos campos da Redenção. Segundo os Relatórios da Santa Casa, a partir de 1889, diversas irmandades passaram a se encarregar dos translados até a região.

Em 1926, a Santa Casa adquiriu carros fúnebres para remoção de adultos, virgens e crianças, além de um veículo para o transporte de coroas. Outros também prestavam este serviço, como um caminhão com quatro lugares para indigentes, apelidado pelos populares de “Maria Crioula”. Na década de 1960, esses automóveis foram desativados.

O Cemitério da Santa Casa foi, por muito tempo, o único de Porto Alegre a realizar o enterro do pobre no seu Campo Santo. A partir de 1934, a Instituição passou a contar com a parceria da União Pelotense São Francisco de Paula, fundada por um grupo de mulheres da sociedade pelotense radicadas em Porto Alegre. A associação filantrópica, conhecida como “Enterro do Pobre”, encarregava-se do fornecimento de caixões para os necessitados.

A necrópole da Santa Casa acolheu a expansão urbana da Capital gaúcha durante o século XIX. Porém, no decorrer do século XX, a população de Porto Alegre cresceu vertiginosamente, propiciando o surgimento de outros cemitérios na cidade. Atualmente, o Cemitério da Santa Casa expressa, através da arte cemiterial, as transformações sociais, econômicas, políticas e culturais ocorridas ao longo do tempo na história do Estado."

Fonte: Site do cemitério da Sabta Casa de Porto Alegre (http://www.cemiteriosantacasa.com.br/sobre-cemiterio/historia/121.aspx)

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